Higienização industrial: o que é, por que importa e como aplicar na prática
A higienização industrial é um daqueles temas que todo gestor sabe que precisa dar atenção. Mais do que uma tarefa do "fim do turno", trata-se de um controle integrado à qualidade, à segurança dos alimentos e à reputação da indústria.
Quando bem aplicada, ela garante conformidade sanitária, preserva equipamentos, evita contaminações e fortalece a confiança do consumidor, tudo isso com impacto direto no custo-benefício da operação do seu negócio. Ela é também bastante importante para atender às exigências regulatórias e garantir uma operação eficiente, confiável e sustentável.
Neste artigo, vamos descomplicar esse tema e mostrar o que é higienização industrial, por que ela é essencial e como aplicá-la na prática, respeitando as particularidades de cada segmento e buscando sempre eficiência, segurança e resultados consistentes. Boa leitura!
O que você vai ler:
O que é higienização industrial?
Por que a higienização industrial é importante?
Como é realizado o processo de limpeza industrial?
Segmentos que exigem protocolos de higienização específicos
Produtos mais utilizados na higienização industrial
Tendências em higienização industrial
Seu processo de higienização pode estar falhando? Saiba como corrigir
O que é higienização industrial?
A higienização industrial é o conjunto de processos que tem como objetivo eliminar as sujidades visíveis e também as contaminações invisíveis (como microrganismos e traços de produtos químicos, por exemplo) de superfícies, equipamentos, utensílios e ambientes industriais.
Ela envolve duas etapas principais:
- Limpeza: remoção de resíduos orgânicos e inorgânicos visíveis.
- Sanitização: eliminação de microrganismos patogênicos e/ou deteriorantes, garantindo a segurança microbiológica dos produtos.
Esse processo é especialmente importante em indústrias que atuam com alimentos, bebidas, cosméticos, fármacos, lavanderias e áreas agroindustriais. Em todos esses contextos, a falta de um processo de higienização adequado pode comprometer a qualidade e segurança do produto final, causando prejuízos operacionais, financeiros e reputacionais às marcas e empresas.
Por que a higienização industrial é importante?
Mais do que atender exigências legais, higienizar corretamente é uma medida estratégica que protege o produto, o processo e o consumidor. Afinal, a ausência de um protocolo eficiente pode comprometer toda a sua operação.
A higienização está diretamente ligada às Boas Práticas de Fabricação (BPF), conforme estabelecido na Instrução Normativa nº 4/2007 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A norma exige que os estabelecimentos mantenham ambientes higienizados e controlados para garantir a qualidade e a segurança dos produtos de origem animal.
Essa exigência é reforçada também pelas orientações da ANVISA, que inclui a limpeza e desinfecção como pré-requisitos em seu Manual de Boas Práticas para estabelecimentos de alimentos, e pelas normas internacionais ISO 22000 e FSSC 22000, que integram a higienização como parte dos Programas de Pré-Requisitos (PPRs) obrigatórios em sistemas de gestão de segurança de alimentos.
Além do aspecto regulatório, como mencionamos, a higienização reduz riscos de contaminações por microrganismos como Listeria monocytogenes, Salmonella spp. e Escherichia coli, que podem comprometer tanto a saúde do consumidor quanto a reputação da marca. Também ajuda a preservar os equipamentos industriais, evitando corrosões e acúmulos que impactam o desempenho técnico.
Empresas que investem em protocolos de higienização bem definidos, com produtos eficazes e equipes bem treinadas, costumam apresentar menor incidência de não conformidades e maior previsibilidade nos seus processos.
Como é realizado o processo de limpeza industrial?
Como mencionado, um bom programa de higienização vai além da limpeza ao final do turno. Ele envolve diagnóstico da planta, definição de rotinas, escolha correta de produtos e o envolvimento das equipes. Cada detalhe conta para garantir segurança, eficiência e o melhor custo-benefício na rotina industrial.
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Esse tipo de programa precisa considerar as particularidades da planta fabril, como o tipo de sujidade presente, o layout da instalação, os equipamentos utilizados e o fluxo de trabalho. A proposta é estruturar rotinas claras, com produtos e técnicas adequadas, que não apenas garantam uma limpeza eficaz, mas também assegurem o controle microbiológico e a eficiência operacional.
Mesmo com essas variáveis, existem etapas técnicas fundamentais que devem estar presentes em qualquer plano bem estruturado de higienização, veja:
Remoção dos resíduos e Pré-lavagem (ou Pré-enxágue)
São as etapas iniciais, onde o objetivo é remover resíduos maiores e visíveis, como restos de alimentos, gordura acumulada, poeira ou outras sujidades. Enquanto a remoção dos resíduos é a limpeza grosseira dos resíduos em contato com as superfícies (por métodos manuais – como a catação e raspagem – ou automáticos), a pré-lavagem utiliza-se de ação mecânica com o auxílio de jatos de água pressurizada para eliminar as sujidades soltas ou solúveis e facilitar o desempenho dos produtos aplicados na etapa seguinte. Estas etapas respondem por aproximadamente 90% do resultado da limpeza em si.
Lavagem com detergentes
Com a superfície já isenta de sujidades particuladas grossas (removidas nas etapas anteriores), entra a ação química. A aplicação dos detergentes deve sempre ser seguida de emprego de ação mecânica, e pode ser realizada por meios manuais, por geração de espuma, por aspersão e também por imersão ou por métodos CIP (Clean In Place).
A escolha do tipo de detergente depende do tipo de sujidade predominante e das características das superfícies onde elas se encontram:
- Neutros: não causam irritação na pele nem danos ou corrosão em materiais delicados. São versáteis, e podem ser usados para limpar uma variedade de superfícies, desde louças e utensílios de cozinha até roupas e equipamentos médicos.
- Ácidos: ideais para remover incrustações inorgânicas, como ferrugem, calcário e manchas de água dura de pisos, azulejos, metais e outras superfícies resistentes, bem como de equipamentos e utensílios em indústrias de alimentos e bebidas.
- Alcalinos: usados para a remoção de sujidades difíceis, como gorduras, óleos, graxas, proteínas, resíduos de alimentos e outras sujidades orgânicas. São a escolha certa quando se pensa em limpeza pesada.
- Enzimáticos: especialmente eficazes para remover sujidades mais complexas, como sangue, biofilmes e resíduos densos. São detergentes comumente utilizados em frigoríficos, lavanderias e cozinhas industriais.
A dosagem, temperatura de aplicação e tempo de contato devem seguir as recomendações técnicas para garantir a máxima eficiência da etapa.
Enxágue
Após a ação do detergente, o enxágue remove tanto os resíduos químicos quanto a sujidade desprendida. O uso de água potável em quantidade suficiente é essencial para que não restem resíduos que possam comprometer as etapas seguintes. Recomenda-se nesta etapa a utilização de água com temperatura mais elevada, a fim de acelerar a secagem dos utensílios, equipamentos e superfícies, não comprometendo a ação do desinfetante pelo aumento de sua diluição.
Sanitização
Essa etapa reduz a carga microbiológica das superfícies e deve ser ajustada ao risco sanitário de cada área.
A escolha do agente desinfetante deve levar em consideração o espectro de ação (bactericida, fungicida, virucida), o tipo de superfície e o tempo de contato necessário. Produtos como ácido peracético, quaternários de amônio e compostos clorados são amplamente utilizados, desde que registrados nos órgãos competentes e aplicados corretamente.
Verificação da eficácia
Após a limpeza e desinfecção, é preciso garantir que os processos funcionaram como esperado. A verificação pode ser feita por inspeção visual (para resíduos visíveis), por testes de ATP (indicadores de matéria orgânica residual) ou por swabs microbiológicos em áreas críticas. Esta etapa fecha o ciclo de controle sanitário e gera registros importantes para auditorias e melhoria contínua.
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Segmentos que exigem protocolos de higienização específicos
Cada tipo de indústria apresenta realidades diferentes, inclusive quando lidam com matérias-primas semelhantes. Por exemplo, uma planta que produz pratos prontos à base de proteína animal, como empanados assados ou cozidos, enfrenta desafios distintos daqueles de um ambiente onde há manipulação de alimentos in natura, com maior carga orgânica e maior risco de contaminação cruzada.
Essa diversidade de contextos exige protocolos de higienização adaptados às particularidades de cada operação. A escolha de detergentes, desinfetantes e até a frequência da limpeza pode variar de forma significativa, especialmente nos segmentos em que a BTA atua, como:
Frigoríficos
Necessitam de rotinas rigorosas devido ao alto risco de contaminação cruzada. Produtos com ação rápida e tolerância a baixas temperaturas são essenciais.
Indústrias de alimentos e bebidas
Requerem controle de biofilmes, uso de detergentes e desinfetantes que não deixem resíduos e mantenham o padrão sensorial do produto final.
Lavanderias e cozinhas industriais
Devem garantir a ausência de odores, resíduos químicos e agentes infecciosos.
Instalações avícolas e suinícolas
Ambientes que exigem forte ação antimicrobiana, controle de umidade e excelente performance mesmo na presença de matéria orgânica.
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Produtos mais utilizados na higienização industrial
A escolha dos produtos certos é decisiva para a eficiência da higienização. O tipo de sujidade, o material da superfície e o desafio microbiológico envolvido determinam o que usar, em qual concentração e com que frequência.
Segundo o Codex Alimentarius (FAO/OMS), detergentes e desinfetantes devem ser avaliados quanto à sua compatibilidade com alimentos e equipamentos. Em 2025, o Ofício-Circular nº 2/2025/CGI/DIPOA/SDA/MAPA esclareceu que os produtos utilizados na higienização de ambientes industriais devem ser obrigatoriamente registrados no Ministério da Saúde (ANVISA), como saneantes. O registro junto ao MAPA permanece aplicável apenas a situações muito específicas, como instalações sob inspeção federal (SIF).
- Detergentes alcalinos são indicados para a remoção de resíduos orgânicos como gordura, sangue e proteínas.
- Detergentes ácidos agem na eliminação de incrustações minerais, como cálcio e ferro, comuns em ambientes com presença de água dura.
- Detergentes enzimáticos oferecem uma ação mais específica, degradando moléculas complexas sem agredir as superfícies sensíveis, muito utilizados em frigoríficos e lavanderias.
- Desinfetantes como peróxidos, ácido peracético e quaternários de amônio têm amplo espectro de ação contra bactérias, fungos e vírus, sendo escolhidos conforme o risco e o tempo de contato necessário.
- Lubrificantes bacteriostáticos são aplicados em equipamentos com movimento contínuo e contato indireto com alimentos, contribuindo para a manutenção da higiene sem comprometer a funcionalidade.
Neste ponto, vale citar que a BTA conta com linhas específicas de detergentes e desinfetantes validadas para diferentes aplicações industriais, além de tecnologias para dosagem precisa e otimização do consumo.
Tendências em higienização industrial
O setor de higienização vem passando por transformações importantes, impulsionadas por exigências sanitárias mais rigorosas, pressões por sustentabilidade e avanços em automação.
De acordo com o relatório da MarketsandMarkets (2023), o mercado global de higienização industrial está em expansão, com destaque para soluções biodegradáveis, produtos com múltiplas enzimas e sistemas automatizados como o CIP (Cleaning in Place).
Entre as tendências mais relevantes estão:
- O uso de produtos multienzimáticos, que combinam ação proteolítica, lipolítica e amilolítica para remover diferentes tipos de sujidade com menos impacto ambiental.
- Automação de processos, com sensores integrados, válvulas inteligentes e conectividade via IoT (Internet das Coisas), permitindo o monitoramento em tempo real da eficácia da limpeza.
- Redução do consumo de água e produtos químicos, promovendo eficiência operacional e menor geração de efluentes, um ponto cada vez mais valorizado por clientes e certificadoras internacionais.
Seu processo de higienização pode estar falhando? Saiba como corrigir
Mesmo com tecnologia e produtos eficazes disponíveis no mercado, muitas empresas enfrentam falhas recorrentes em seus programas de higienização.
Um dos principais desafios é a subdosagem ou uso inadequado de produtos, que pode gerar falsa sensação de limpeza e não eliminar os microrganismos de forma eficaz. Isso geralmente ocorre por desconhecimento técnico ou pela tentativa de reduzir custos operacionais, o que, no longo prazo, resulta em perdas ainda maiores.
Outro erro comum é a falta de capacitação da equipe responsável, o que compromete o cumprimento dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) e aumenta o risco de falhas na execução.
Também é frequente a padronização excessiva: aplicar o mesmo produto, na mesma concentração, em diferentes setores da planta, sem considerar as características de cada área. Isso diminui a eficiência e pode danificar equipamentos.
Por fim, há ainda os pontos cegos, como rodízios, trilhos, frestas ou caixas de passagem, que costumam ser negligenciados nas rotinas de limpeza. Esses locais, quando mal higienizados, podem se tornar focos de contaminação persistente.
Além de possuirmos uma linha de produtos exclusivos para todas estas finalidades, também contamos com Programas Inteligentes como uma espécie de consultoria para que você adeque a higienização do seu negócio com 100% de efetividade.
Afinal, indústrias que tratam a higienização como parte da estratégia colhem os benefícios de processos mais seguros, auditorias bem-sucedidas e maior durabilidade de seus equipamentos. Quando bem executada, ela não aparece. E, justamente por isso, funciona como deve: protegendo cada etapa da produção, silenciosamente.
Quer desenvolver um plano de higienização mais eficiente para sua operação? Fale com nosso time técnico e conheça as soluções da BTA.
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